Locaweb Edição 99

entrevista 12 REVISTA LOCAWEB atualmente, conta com 29 campi em 24 países diferentes, inclusive o Brasil. Com uma metodologia inovadora, a escola é endossada por vários CEOs peso-pesados do Vale do Silício, entre eles Evan Spiegel, do Snapchat, Stewart Butterfield, do Slack, Brian Chesky, do Airbnb, e Jack Dorsey, do Twitter. Em julho de 2019, São Paulo (SP) recebeu a primeira filial brasileira da entidade, que abriu as portas para o público em janeiro de 2020 após a realização de umprocesso seletivo. Karen Kanaan, sócia da 42 École no Brasil, conta como o empreendimento idealizado por Xavier tem conquistado apaixonados por engenharia de software, a partir de uma nova e ousadametodologia de ensino. O que é a 42 École e como funciona o processo seletivo para ingressar na instituição de ensino? A 42 é uma escola que forma engenheiros de software. Na prática, ela é voltada a quem deseja fazer um curso profundo, com duração de três anos e que equivalha a ummestrado. A partir dos 18 anos, já é possível tentar uma vaga na escola. O processo seletivo não exige nenhuma preparação – como um vestibular, por exemplo –, mas raciocínio lógico e muita resiliência, assim como força de vontade e curiosidade para aprender. A seleção compreende três etapas. A primeira envolve dois jogos online de memória e lógica. A segunda fase é para o candidato conhecer mais a respeito da 42 e da vaga oferecida. Para finalizar, os inscritos passam por uma imersão chamada “piscina”, em que ficam 26 dias consecutivos aprendendo a programar e entram em contato direto com o método de ensino da instituição. Após esse período, a pessoa que se desenvolver poderá fazer parte do programa da escola. Que dicas você dá para quem deseja se credenciar a passar no processo seletivo da 42? Para participar da 42, é necessário ter muita disciplina e cabeça aberta, porque a escola não tem aulas, nem professores. Ao começar o programa, os tripulantes (alunos) trabalham com um conceito de autogestão, no qual eles precisam trabalhar com os colegas para conquistar os objetivos. Assim, ao enfrentar algum problema com os desafios propostos, eles têm de solucionar as dúvidas com os outros alunos ou buscar conhecimento na internet. Pensamos que, dessa forma, ele tem a chance de, efetivamente, aprender a aprender. Como a escola usa recursos tecnológicos para desenvolver essa metodologia? Como não temos aulas, a tecnologia atua como uma plataforma para todas as interações propostas. A 42 conta comuma intranet e umprograma desenvolvido pela sede francesa, que envolve principalmente quematinge até o nível sete do currículo da organização – são 21 etapas no total. Depois desse grau, os outros países que contam com filiais podemagregar temas diferentes e específicos à grade. Por isso, o sistema é bastante colaborativo. A metodologia é peer-to-peer, o que significa umaprendizado não só de aluno para aluno, mas tambémde país para país. Como a 42 foi recebida em São Paulo pelos candidatos? Em julho de 2019, lançamos as inscrições da nova sede, em São Paulo. Depois de ummês, recebemos cerca de 12 mil aplicações. Destas, 2.500 inscritos passaram nos jogos online e 352 pessoas participaram da primeira “piscina”. Ao final do processo, 130 alunos foram aprovados e ingressaram na 42 em janeiro passado, quando a instituição foi oficialmente aberta. Alémda metodologia, qual é a diferença da 42 em relação aos cursos convencionais de tecnologia e empreendedorismo? Na verdade, a 42 é bemdisruptiva. É uma escola emque não apenas o processo seletivo dispensa preparação, mas também o currículo é modular, a metodologia de aprendizagem funciona de maneira coletiva, e o aprendizado se dá 24 horas por dia, sete dias por semana, de modo gratuito. A escola tem parcerias com empresas? Como isso funciona? Sim, a 42 mantém uma série de parcerias com outras entidades, e essa é a fonte da maior parte dos investimentos que a sustentam. A Fundação Telefônica Vivo, por exemplo, é uma das principais parceiras que temos hoje no Brasil. De forma geral, atuamos com diversas companhias que buscam contratar os programadores que vão se formar na escola. Dentro desse cenário, quais diferenciais a 42 oferece aos profissionais que ingressam no mercado de TI? Uma das principais características da 42 é que, após seis meses de programa, o estudante já está apto a aplicar o que ele aprendeu na própria escola, como um engenheiro de software júnior. Nesse primeiro momento, ele terá atingido o nível sete da formação curricular. A partir daí, se o aluno for contratado por alguma empresa ou desejar sair da 42, já estará qualificado para trabalhar na área. Qual é a importância de romper as barreiras das salas de aula tradicionais? A 42 pretende criar um impacto direto nomercado de trabalho por meio da formação profissional de alta qualidade e com características mais inclusivas que os modelos tradicionais. Além disso, esperamos que a inovação educacional desenvolvida na França possa inspirar o desenvolvimento de outros modelos pelo Brasil, ampliando o impacto indireto da escola. Fora a unidade de São Paulo, teremos uma no Rio de Janeiro, que já está com processo seletivo aberto (nota da redação: primeira turma será iniciada em junho), e já estamos em conversas com representantes de outras regiões interessados em atuar na criação de uma rede pelo país. Ao enfrentar algum problema com os desafios propostos, os 'tripulantes' têm de solucionar as dúvidas com outros colegas ou buscar conhecimento na internet

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