Locaweb Edição 103

12 // entrevista // revista locaweb Você já trabalhou em empresas nativas digitais, multinacionais tradicionais e startups em fase inicial. De que forma cada uma dessas experiências foi enriquecedora para sua carreira? Como são negócios em várias fases de maturidade e diferentes contextos, pude tirar ensinamentos de cada um deles. Nas empresas nativas digitais, como Tinder e Groupon, vivi dentro de uma estrutura pequena e pude ver o que é o crescimento exponencial. Já na L’Oréal Brasil, uma multinacional tradicional, fiz parte de uma desafiadora transformação digital, ao mesmo tempo que aprendi bastante a respeito de cultura enraizada. Nas startups, por sua vez, é interessante observar como é tirar a ideia do papel e dar aquele passo entre a estaca zero e a um do negócio. O quanto é importante para o empreendedor acumular expertise e trabalhar em diferentes empresas antes de montar seu próprio negócio? É fundamental que o empreendedor tenha experiências variadas. Isso porque, para ter sucesso, é necessário ter uma visão de 360º do negócio. Sem bagagem em diferentes contextos, fica difícil ter um ponto de vista mais assertivo. É comum ver esse tipo de estratégia, por exemplo, em negócios familiares. Os filhos são incentivados a trabalhar em outras empresas e áreas antes de assumir o bastão. Falando dos empreendedores em si, aqueles que alcançammaior sucesso não costumam ser marinheiros de primeira viagem. Quando analisamos estatísticas das pessoas bem- sucedidas e sua idade média, vemos que estão na faixa dos 35 anos para cima. Não é bem aquela história de abandonar a universidade e construir um império sozinho. Você continua se desafiando e agregando funções. Hoje, atua como investidor-anjo, palestrante e escritor e ainda comanda um podcast, o Metanoia Lab. Qual é o segredo para conciliar todas essas atividades? Tento fazer com que os assuntos se juntem. Quando vou dar uma palestra específica sobre um tema, por exemplo, crio conteúdo para o podcast baseado no que pretendo falar. Já com as startups, procuro aplicar o conhecimento que ganho por meio de estudos e pesquisas, que faço sem parar. O segredo é juntar essas pontas e entender qual é o foco. Se tratar tudo isso como projetos separados, vai ficar difícil conciliá-los. Não é nem uma questão de tempo, mas sim de prioridade. Um de seus livros, o “6 competências para surfar na transformação digital”, traz sua experiência após liderar o processo de transformação digital na L’Oréal Brasil. Em tempos de pandemia, como é possível investir nessa tendência? A crise da covid-19 foi um grande acelerador para quem estava ficando para trás. Tanto que é até difícil ver empresas que não tenham começado a transformação digital. O que pode ser notado, no entanto, é que as companhias que se derammelhor durante a pandemia foram as que já tinham iniciado o processo anteriormente, como Natura e Ambev. Isso acabou se transformando em uma vantagem competitiva para elas, diante da imprevisibilidade da economia. Os exemplos dados por você, Natura e Ambev, são de marcas já consolidadas no mercado. As pequenas e médias empresas também têm espaço para apostar na transformação digital? Sim. Na verdade, é vital que as pequenas e médias empresas passem pela transformação digital. O processo em uma organização grande é bemmais demorado, pois há uma infraestrutura maior para ser mudada. As PMEs se beneficiam nesse sentido, sem dúvida, por seremmenores e, consequentemente, mais flexíveis. Quem quiser ter resultados e se destacar no mercado, entretanto, deve acreditar que a mudança é uma aliada. O empreendedor terá de fazer escolher duras a respeito de modelos de negócios e canais de distribuição, por exemplo, mas sempre tendo a compreensão de que a tecnologia complementa esses setores. Caso contrário, a transformação será superficial. Além de investir na transformação digital, que outras dicas essenciais você daria para uma pequena ou média empresa que está começando agora? A primeira dica é focar o cliente. Não apenas pense na parte transacional, mas também na experiencial. Isso melhora a fidelização e retenção. Em segundo lugar, crie conteúdo sobre o próprio negócio, para atrair e educar o consumidor. Por último, faça uma mudança cultural. Invista em pessoas que acreditem na transformação digital e que ela é necessária para o crescimento da empresa. E quem ainda não montou uma empresa, mas tem uma ideia de negócio? No cenário atual, você acredita que esta seja uma boa hora para tentar tirar uma solução do papel? Este é ummomento muito bom para tirar um negócio do papel, por dois grandes motivos. Primeiramente, as taxas de juros são as mais baixas da história, o que possibilita o acesso a financiamentos e linhas de crédito de forma mais fácil. A segunda razão é a dificuldade enfrentada pelo mercado. Em um cenário caótico, há menos o que perder. Portanto, arrisque. Quando analisamos estatísticas das pessoas bem-sucedidas e sua idade média, vemos que estão na faixa dos 35 anos para cima. Não é bem aquela história de abandonar a universidade e construir um império sozinho ''

RkJQdWJsaXNoZXIy Mzk0Njg=