Locaweb Edição 110

12 // entrevista // revista locaweb Quais vantagens um empreendedor iniciante tem ao se inserir em um parque tecnológico e fazer parte de um programa como o Nexus? Ao montar um novo negócio, vale a pena estar em um parque tecnológico, sobretudo, pelo acesso à infraestrutura consolidada que o espaço oferece. Dentro do Nexus, por exemplo, contamos com uma vasta rede de possíveis clientes, investidores e universidades que podem ajudar a amadurecer uma ideia. Se uma startup trabalha no setor aeroespacial, por exemplo, localizaremos em nossa base alguém que possa conversar com o empreendedor e auxiliá-lo a validar sua hipótese no mercado. É importante ressaltar, porém, que o fato de não estar em um parque não invalida a possibilidade de obter sucesso sozinho. Mas costumamos facilitar – e muito – os processos. Além de incentivar a conexão entre os vetores que ajudam a criar negócios de sucesso, o Nexus tem como proposta acompanhar uma startup em toda a sua trajetória, desde a ideia até a inserção no mercado. Como funciona o processo seletivo do programa? O Nexus é dividido em três programas para estágios diferentes de empresas. O primeiro é o Lab, voltado para quem está no começo e quer amadurecer sua ideia. Nessa fase, não é necessário sequer ter CNPJ. As inscrições ficam abertas o ano inteiro. A partir daí, os interessados podem, uma vez por mês, fazer um pitch (uma apresentação) para um comitê, que definirá quem será aceito. O segundo programa é o Growth, que consiste em uma etapa de incubação e aceleração. Ele é indicado para as empresas que já estão mais avançadas e atua com duas chamadas ao ano. Por fim, há o Scale Up, que também fica aberto o ano todo, mas é focado em startups que já estejam no mercado e queiram ganhar relevância. A inscrição para qualquer um dos programas pode ser feita por meio do site https://pqtec.org.br . Se não é necessário sequer ter um CNPJ durante a etapa inicial, o que convence a equipe do Nexus a aceitar um empreendedor que só tenha uma ideia até então? O que nos convence é o perfil da pessoa, pois acreditamos que empreendedorismo é um comportamento. Para nós, alguém que abriu uma loja não necessariamente deve ser considerado um empreendedor. É preciso ir além e ser apaixonado por resolver problemas, ser movido por realizações. Isso pode soar clichê, mas é a mentalidade que o PqTec propaga. Tentamos mostrar que, antes de tudo, a pessoa deve ser motivada pela oportunidade, e não pela necessidade. E no caso das startups que já estejammais avançadas, o que chama atenção de vocês? Sempre observamos dois grandes pontos em nossos processos seletivos. Em primeiro lugar, o time. Não adianta ter uma equipe em que todos saibam fazer a mesma coisa. Isso não vai somar para o negócio. Então, procuramos ver como os elementos se complementam. O outro ponto está relacionado ao produto ou serviço que está sendo proposto. Muitas vezes, o empreendedor está focado na tecnologia embarcada. Porém, o meio é o que menos importa. Queremos saber se a solução é capaz de resolver um problema real e se existem pessoas dispostas a pagar por ela. Os processos de seleção costumavam ser presenciais? Como vocês se adaptaram durante a pandemia? Até algum tempo atrás, fazíamos eventos presenciais e trabalhávamos com startups de São José dos Campos e cidades próximas. Com a pandemia, no entanto, todas as seleções passaram a acontecer online. Com isso, expandimos nossa atuação para todo o estado de São Paulo. Além disso, definimos que, no pós-pandemia, adotaremos uma metodologia híbrida (digital e física) para continuar atendendo startups que ficam fora da nossa região. Isso significa que empreendedores espalhados por todo o Brasil já podem fazer a inscrição pelo site do PqTec? Temos a ideia de atender todo o Brasil – e, quiçá, o mundo –, mas vamos por partes, como uma boa startup (risos). Primeiramente, queremos fortalecer nossa presença no estado de São Paulo para, depois, expandi-la a outras regiões, aos poucos. Para isso, estamos fechando parcerias com diversos parques e hubs, uma vez que os programas de incubação e aceleração não são concorrentes, mas complementares. Cada um tem sua rede, seus workshops e seus mentores, que podem ser usufruídos por diferentes empresas. Ainda que vocês não tenham fechado parcerias, o Nexus já conseguiu atrair empresas fora de São José dos Campos? Hoje, 156 startups e empresas estão participando de diferentes programas do PqTec. Apenas no Nexus há 59. O número de startups cooptadas virtualmente, no entanto, ainda é pequeno: são 10 negócios até agora, lembrando que todos ficam no estado de São Paulo. O Nexus costuma divulgar que não deseja criar nenhum unicórnio (negócio que atinge valor de mercado igual ou superior a US$ 1 bilhão). Por quê? Uma vez, o Fernando da Silva, gestor da Crescera Capital, disse que unicórnio só nasce nos Estados Unidos, já que lá os juros giram em torno de 1% ao ano, o iPhone custa US$ 699, e existe segurança jurídica. Para empreender no Brasil, você precisa ser como uma cabra-da-montanha, que escala lugares com inclinações absurdas para comer ummatinho que nasce entre as pedras. E é bom saber que há grandes chances de cair, mas é preciso ter persistência. Foi de olho nas adversidades que o brasileiro tem de passar para empreender que adotamos esse animal como mascote. De qualquer forma, ele tem chifre colorido, como o de um unicórnio. Ao montar um novo negócio, vale a pena estar em um parque tecnológico, sobretudo, pelo acesso à infraestrutura consolidada que o espaço oferece '' Foto: Divulgação

RkJQdWJsaXNoZXIy Mzk0Njg=