Locaweb Edição 111

S enhoras e senhores, na edição 106 desta Revista Locaweb , eu disse que acreditava que parte dos empresários brasileiros era herdeira de uma tradição administrativa que remonta ao período colonial. Neste novo diálogo com Vossa Senhoria, que lê este texto, peço licença, nobremente, para aprofundar o assunto. Cerimonialismos à parte, vamos aos fatos e ao que realmente interessa: observe algumas falas do dia a dia e perceba como certas posturas do passado continuam bastante vivas no presente: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”; “não venha reinventar a roda”; “quem dá as cartas, aqui, sou eu”. Essas frases soam familiares? Você já as escutou ou costuma ouvi-las com relativa frequência? Quem as pronuncia, no geral, é alguma figura autoritária, arrogante, que se vê como uma espécie de alteza e aos parceiros, colaboradores e fornecedores, como vassalos subservientes? Acredite: ainda estamos no século 17. Aos menos, sob alguns aspectos, do ponto de vista da mentalidade de alguns indivíduos. Mas antes de continuar a nossa conversa, quero expressar o meu profundo respeito pelos pequenos, médios e grandes empresários: dos mais diversos setores e regiões, que trabalham incansavelmente, honram compromissos, pagam impostos, geram riquezas e servem à sociedade. A todos e todas vocês, que acreditam no crescimento das pessoas e do País e batalham por ele, fica a minha sincera homenagem. Por outro lado, precisamos falar também sobre aqueles que são o oposto: os que tentam levar vantagens, focam o lucro pelo lucro, são grosseiros, atrasam pagamentos e “chicoteiam” suas equipes para atingir metas irreais. Refiro-me àqueles que, na condição de clientes, por exemplo, são inoportunos e mandammensagens às 23h porque “estão pagando”. Estou falando sobre o tipo “Lady Kate empresarial”, que circula por aí sendo rude, dando ordens e ostentando títulos e acessórios caros, exatamente como a personagem cafona do humorístico “Zorra Total”, da TV Globo, interpretada brilhantemente pela atriz Katiuscia Canoro. Caricaturas à parte, o meu conselho vai para você que é sócio, funcionário A CABEÇA ARCAICA DE ALGUNS EMPRESÁRIOS. E O REAL SENTIDO DA NOBREZA Precisamos falar sobre aqueles que tentam levar vantagens ou fornece para algum(a) empresário ou empresária assim: não aceite nenhum tipo de agrura, rispidez ou assédio de qualquer ordem. Diga não. Pelo bem da sua saúde física e, principalmente, mental. Felizmente, não estamos mais no Brasil Colônia. Não existem barões (e baronesas) do café no século 21. Eles ficaram no passado. Foram sepultados pelo progresso. Não tolere posturas tacanhas de quem se sente dono do mundo, superior, mas que, lá no fundo, como bem sabemos, é inseguro, sofre de baixa autoestima e tenta chamar a atenção apenas para se autoafirmar. Condes, marqueses e duques são proeminentes apenas nos livros de História. A Lady Kate, do "Zorra Total", é engraçada apenas na ficção. Na vida concreta, #RealOficial, esses tipos não passam de caricaturas grotescas, jocosas. Administrar uma empresa vai muito além de ostentar um cargo ou uma posição hierárquica. Significa liderar. E “liderança é ação, não posição”, como precisamente afirmou Donald H. McGannon, que foi um grande executivo norte-americano e, indubitavelmente, um líder excepcional. Quando o assunto é liderança, vale salientar que existem diversos perfis e estilos. Todos com prós e contras, dependendo do ramo de negócios, do ritmo de trabalho, ou da composição da equipe. O mais importante, porém, é ter a consciência de que o líder genuíno comanda para servir, e não para ser servido. Como diria a citação atribuída a Ernest Hemingway: “Não há nada nobre em ser superior ao seu semelhante. A verdadeira nobreza é ser superior ao seu antigo eu”. 18 // opinião // revista locaweb HIGOR GONÇALVES JORNALISTA, PÓS-GRADUADO EM COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA E MARKETING DO CONSUMO, ESPECIALISTA EM ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO, COM MBA EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE MARKETING. higorfgoncalves @higorfgoncalves higor.fgoncalves@gmail.com

RkJQdWJsaXNoZXIy Mzk0Njg=