Locaweb Edição 119

10 // entrevista // revista locaweb @revistalocaweb Qual foi seu primeiro contato com o empreendedorismo digital? Costumo dizer que a partir do momento que você tem presença na internet, já está empreendendo. Então, entrei no mundo do empreendedorismo digital em 1999, quando fiz meu primeiro site de emulação de videogames, o rommania.com. Depois, criei o Bestromsites.com e, mais tarde, o Cifras.com. Mas, se a gente pensar no marketing digital como um todo, dá para dizer que comecei a vender conteúdo para valer com a versão em inglês do Cifras, em 2003. À época, nem sabia que o que estava fazendo era marketing digital. Simplesmente montei o site e comecei a vender conteúdo para assinantes. Você entrou nesse universo por vontade ou necessidade? Criei os sites por vontade, mas, por incrível que pareça, entrei no marketing digital por necessidade. Queria comprar um terreno e, por mais que já tivesse suporte financeiro vindo dos meus outros sites, minha ideia era desenvolver algo diferente do que já tinha feito. O resultado foi muito melhor do que eu esperava, porque o site começou a bombar muito rápido e marcou uma virada na minha carreira digital. Em qual contexto nasceu o Cifras? O Cifras surgiu como uma solução de um problema. O conceito em torno dele, inclusive, é uma das grandes lições que carrego ao longo da vida: as pessoas não compram produtos ou serviços, mas sim soluções para problemas. À época, eu e minha banda resolvemos tocar a música "Beautiful Day", do U2, mas o tom era muito alto para minha voz. Como programador, pensei: de repente eu posso criar um site que me permita modular o tom das cifras. E foi assim que nasceu o Cifras.com, por uma necessidade pessoal – mas, no fim das contas, serviu para muita gente. Em que momento você decidiu deixar de ser funcionário para ser seu próprio chefe? O trabalho era uma forma segura de me manter. Já estava ganhando cerca de dez vezes mais com meus empreendimentos e, mesmo assim, não conseguia abandonar o emprego. Passei quase cinco anos acordando sempre no mesmo horário, com o corpo acostumado a uma rotina, até que decidi pedir demissão, porque o cenário que tinha fora dali já era muito mais vantajoso. Na segunda-feira seguinte, meu relógio biológico me acordou às cinco e pouco da manhã, e fiquei perdido. Vi uma vassoura pendurada e fui varrer o chão, porque não sabia o que fazer. Como foi esse processo de, de repente, se dedicar full time ao empreendedorismo digital? A gente acaba aprendendo com o tempo. Comecei aos poucos, fazendo o que sabia, que era programação. Mas não tinha conhecimento sobre como programar para a internet, então lembro que comprei um livro para aprender a desenvolver em PHP e devorei as páginas. Assim, fui mergulhando no online muito rapidamente. Coloquei um site experimental no ar, cheio de problemas e, aos poucos, fui corrigindo os erros, estudando o feedback do pessoal com o que eles gostariam de ver e aplicando novas ideias. Aos poucos, descobri que existiam outras ferramentas na internet. As redes sociais surgiram no meio dessa trajetória, e nunca perco a oportunidade de pegar um trem assim que ele sai da estação. Estou sempre atento a esses momentos. Como as redes sociais te ajudaram nessa etapa? Com os sites dando certo, o próximo passo era investir nas redes sociais. Primeiro, criei um perfil no Orkut. Depois, surgiu o Facebook, no qual desenvolvi diversas fanpages para conhecer e entender mais sobre audiência e marketing social. Isso me ajudou muito a trabalhar e ser o que sou hoje, a executar as funções da maneira que faço agora. Mas é fato que comecei errando e bati muito a cabeça. No próprio YouTube, dei o primeiro passo em falso, mas a gente aprende com os erros. Como foi seu primeiro contato com o YouTube? Já gravava vídeoaulas para o Cifras até que, um dia, recebi um telefonema do meu gerente de contas do AdSense – à época, nem tinha noção do que era o YouTube, o site tinha acabado de ser comprado pelo Google. Ele me perguntou por que não pegava os vídeos do Cifras e postava na plataforma. Minha resposta, de cara, foi negativa. Na minha cabeça, não fazia sentido colocar os vídeos em outro site. Mas aí a concorrência foi lá, fez na frente, bombou e fiquei atrasado dentro do nicho de canais de música.

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