Locaweb Edição 108

12 // entrevista // revista locaweb Diante desse cenário, a especialista decidiu criar uma empresa que permite alugar, por um preço camarada, as grandes estratégias dos profissionais de marketing do mercado. Batizada de Rent a CMO, a companhia nasceu no final de 2020 e é focada nas PMEs. Sua proposta é atuar de acordo com a necessidade do cliente, de modo a construir projetos dedicados ou realizar apenas consultorias cobradas por hora. Nesta conversa, Fátima fala sobre sua trajetória, aponta as principais estratégias adotadas em sua nova empresa e dá dicas valiosas para mulheres que, como ela, enfrentam desafios ao ocupar cargos de liderança. Na Rent a CMO, vocês trabalham com a mentalidade de growth. O que isso significa na prática e por que é importante apostar nesse tipo de estratégia? Em primeiro lugar, é importante deixar claro que growth não é uma técnica ou algo que possa ser implantado. Ele nada mais é do que ummodelo de mindset (mentalidade), no qual todos os funcionários de uma empresa trabalham pensando em escalar suas próprias áreas e, consequentemente, a companhia como um todo. Fiz uma consultoria há pouco tempo para um setor de recursos humanos, por exemplo, e descobrimos que parte do processo de vagas deles era irrelevante. Ele deixava o recrutamento muito longo, fazendo com que candidatos desistissem e pessoas que poderiam fazer a diferença fossem perdidas. Essa mentalidade de crescimento exponencial pode ser aplicada dentro de pequenas e médias empresas? Na verdade, é até mais fácil para as pequenas e médias empresas apostarem em growth. Como o segredo para essa estratégia dar certo é pensar de maneira integrada, quanto menor for a companhia, mais fácil será o controle dessa interação entre os funcionários. Em negócios maiores, o processo acaba sendo bemmais difícil. É até mesmo um trabalho árduo e muito dolorido para quem o executa, pois o consultor tem que mostrar para as pessoas os pontos falhos da operação. Com base na sua experiência de mercado, você diria que as dores dos pequenos e médios empresários são diferentes das sentidas pelas grandes corporações? Não. Eu sempre digo que as dores são iguais, independentemente do porte da companhia. No fim das contas, o que toda empresa deseja é solucionar o problema real que o cliente tem no momento. O que faz a diferença neste contexto é se todos estão envolvidos no sucesso da operação. Já fiz, por exemplo, consultorias para negócios que tinham apenas três funcionários, e um não sabia o que o outro fazia. Isso é um grande problema. Se essas pessoas se ouvissem, elas estariam trabalhando em conjunto e pensando em estratégias que seriam benéficas para a empresa. De forma geral, uma boa liderança pode fazer a diferença na hora de aplicar uma nova estratégia dentro de uma empresa. Você mesma já ocupou essa função uma série de vezes. Como mulher, os desafios são maiores? Sem dúvida. Quando era muito nova, as pessoas me julgavam, dizendo que eu estava ocupando tal cargo só porque era jovem e bonita. Mesmo quando provava meu valor, elas continuavam achando que a minha aparência era a chave de entrada. Para driblar isso, tive que me posicionar, muitas vezes, de forma mais agressiva do que gostaria, mas do contrário não me ouviriam. Cheguei a escutar de um fornecedor que as pessoas tinhammedo de mim porque eu parecia fofa, mas era exigente. Certamente ele não faria o mesmo comentário para um homem. Quando eles são exigentes, significa que são comprometidos. Nós, "no entanto", estamos em um dia ruim. Eu vivi isso e ainda vejo outras mulheres inseridas dentro dessa realidade, mas acredito que estamos lutando e ganhando cada vez mais espaço para mudar a situação. Se você pudesse dar um conselho para as mulheres que estão tentando achar seu espaço dentro de uma empresa, seja qual for o tamanho dela, o que você diria? Diria que você pode ir além do lugar em que está agora. Se não te deixam crescer ou mesmo executar ideias dentro da empresa, vá para outro lugar. O tempo vai mostrar para sua antiga companhia o que ela perdeu. Tudo o que você precisa fazer é tentar. E para os empreendedores de uma forma geral, qual conselho você gostaria de deixar? Minha dica é juntar o máximo de experiência que você conseguir e trabalhar em diferentes modelos de negócios antes de montar sua própria empresa. No meu caminho, pude ver que estratégias aplicadas na indústria poderiam ser reutilizadas no varejo, por exemplo. Esse cruzamento de ideias é ótimo. Por isso, acho que todo mundo deveria se dar essa oportunidade. Isso traz uma força interna e mostra que você não é uma pessoa acomodada, mas que consegue se adaptar a várias situações. E esse ponto é bem relevante para os empreendedores. Toda empresa deseja solucionar o problema real que o cliente temnomomento. O que faz diferença nesse contexto é (observar) se todos estão envolvidos no sucesso da operação ''

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